quinta-feira, 9 de outubro de 2008

65. O CONCERTO FINAL

3, 2, 1. A campainha tocava e as portas eram atiradas contra as paredes. Bem ao estilo de uma universidade, desfilavam saias Chanel e lenços Burberry da última moda de Paris e os últimos modelos de telemóveis importados. As raparigas iam acabar as conversas que haviam sido interrompidas pelo sinal de entrada, os rapazes atiravam os livros contra o fundo dos cacifos e tiravam os i-Pods dos bolsos dos casacos de cabedal. No meio das roupas engomadas e dos nós de gravata que ao longo do dia iam perdendo força, elas falavam:- Vens ao concerto de logo? – perguntava Lia.
- Claro, nem perguntes outra vez. – respondeu-lhe Lúcia.
As amigas continuaram a andar juntas para casa, já que as suas aulas já tinham acabado.
Preparavam-se para ir para o concerto da sua banda. Desta vez, era tudo muito diferente; Lúcia ia de muito boa vontade, Lia não precisou de a convencer. Também as suas saias de marcas haviam sido trocadas, só e apenas naquela noite, por roupas às riscas e quadrados. Tudo havia mudado.
Chegaram ao recinto do concerto. Lá estavam Bill, Tom, Gustav, Georg, e Anna também. Como já eram visitas habituais, a empresa responsável tornara-se mais generosa, e a mesa com a comida de sempre era cada vez maior. Os sofás tinham ar de serem mais fofos e novos, e a casa-de-banho parecia mais limpa.
Bill e Tom riam-se de algo. Quando Bill viu Lúcia à porta, levantou-se com um salto e foi a correr ter com ela. Abraçou-a, beijou-a e atirou-a ao ar, enquanto se riam ambos.
- I can’t be away from you this long, I get crazy! - disse Bill, ainda a segurá-la.
- Yeah, well, you’re going to have to take it, because I’m not quitting my studies and I don’t see you guys becoming Portugal Hotel. - disse Lúcia, a brincar.
- What do you mean, I’m going to have to take it? Don’t you miss me too while I’m gone? - perguntou Bill, a fazer beicinho.
Lúcia riu-se.
-I’m missing you right now!
Do outro lado da sala, Lia e Gustav riam-se também, juntos e abraçados.
-I swear, apart from breathing, I don't do anything but study!
Gustav ria-se.
-You’re sad.
- Yeah? I don’t see you studying.
- Of course not, I’m a professional... – Gustav piscou-lhe o olho, e tirou do bolso de trás das calças umas baquetas. - ...who can’t live without his drums... – girou as baquetas nos dedos.
Parou, e Lia pode ver que eram as baquetas que lhe tinha oferecido, com os seus nomes escritos em cada uma. Gustav continuou.
- ...and his love.
Lia fingiu uma cara de chateada.
- I suppose student girl here can’t live without hers either. - Gustav riu-se, e beijaram-se.
Bill e Lúcia estavam sentados no sofá grande. Falavam das férias que estavam para vir.
- I can’t wait, I really need a break. - disse Lúcia, encostando a cabeça no ombro de Bill.
- Why don’t you come over with us? We could stay at my parents’ house, spend Christmas there, have snowfights, decorate the house... Spend some time alone... - disse Bill, com uma expressão muito parecida à que Tom tinha sempre na cara. Lúcia riu-se.
- I'd love to.
Brincou com a manga do blusão de Bill. Quando a levantou, descobriu que Bill tinha a pulseira que Lúcia lhe tinha dado e feito. Lúcia sorriu, e mostrou-lhe que tinha a outra, igual, no seu mesmo pulso.
Entrou o manager e avisou-os que faltavam uns dez minutos para o concerto começar. Lia e Lúcia não queriam perder, por isso despediram-se dos rapazes. Lúcia deu apenas uns retoques no cabelo de Bill, e desejou-lhe boa sorte. Ainda não tinha falado com Tom, por isso foi ter com ele e abraçou-o.
- Promise me you won’t mess with some girl tonight.
Tom riu-se.
- Sure thing. But I can’t promise to not mess with a girl tonight.
Lúcia riu-se.
- What, can you blame me for liking portuguese girls?
- You better not let your brother hear that.
- We’ll make it our little secret. - disse Tom, na sua expressão marota exagerada para dar a entender que estava só a brincar.
Lúcia riu e bateu-lhe no braço.
- You never change.
Georg estava demasiado ocupado com Anna, por isso, nem Lia nem Lúcia lhe disseram nada. Saíram, e foram ter com o segurança que as ia levar até à primeira fila.
Depois de lá estarem, sentiam-se comprimidas contra as grades. Estavam milhares, quiçá milhões de fãs no recinto.
Ultimamente, as fãs já se tinham habituado à presença da sua banda preferida em Portugal. Sabiam que era por causa das namoradas, mas se isso fazia com que eles passassem mais tempo no seu país, então elas não se importavam. Além disso, havia concertos por tudo e por nada; meramente desculpas para virem ver as suas meninas.
O ambiente era de grande expectativa porque, agora que actuavam várias vezes por ano nos mesmo país, eles arranjaram bandas que fizessem a primeira parte dos seus concertos, servindo assim também para divulgarem novos talentos.
Lúcia e Lia estavam na plateia à espera que eles entrassem. Já se tinham habituado a serem as namoradas que nada podem fazer. Acostumaram-se aos ciúmes de verem cartazes e declarações de amor para eles.
O calor aumentava e a gritaria também. Tentaram olhar à volta, mas só conseguiram rodar a cabeça. Ao seu lado estavam duas raparigas, que também falavam entre si. Para passarem o tempo, meteram conversa com elas, tendo o cuidado de nunca revelar quem era e o que pertenciam à banda.
- Olá! – disse Lia, animada.
- Olá, bem já viram que calor que está? – perguntou Lúcia.
- Olá, pois, está tudo a respirar para o mesmo sítio. – respondeu-lhe uma das raparigas.
- Nunca mais começa o espectáculo. – disse a outra rapariga, que ainda não tinha falado.
- Vocês estão aqui para verem os Tokio Hotel? – perguntou Lúcia, curiosa.
- Mais ou menos. Estamos aqui para vermos a banda que vem abrir o espectáculo mas depois ficamos para ver o resto, claro. – respondeu-lhe a rapariga.
- Ah... A banda que vai abrir o espectáculo. Pois, e quem são? – perguntou Lia, que não sabia quem eram.
- São... – ia a dizer.
O barulho que se fez quando as luzes se apagaram, foi ensurdecedor. Fumo saia do palco, as pessoas gritavam e uma voz off começou a anunciar.
- Por favor pedimos a vossa atenção. Durante o concerto lembramos que é proibido fumar no recinto. – disse, pausando.
Nessa pausa estratégica, o barulho aumentou novamente. Continuou.
- E a abrir o concerto da vossa banda preferida, temos a banda revelação deste ano. Elas são jovens, elas são magníficas, elas são energéticas, elas rebentam com tudo... Elas são... as NY RESORT!
Dito isto, quatro raparigas entraram em palco e as luzes acenderam-se. Deram uma volta a puxar pelas fãs. Apesar de serem desconhecidas, todos aplaudiram entusiasticamente.
A rapariga que mais estava mais à frente, dava pelo de Ana. Com um estilo inconfundível e extravagante, era a que mais pulava. De calças pretas, com um cinto aos quadrados, casaco de cabedal, cabelo preto com madeixas loiras e ténis pretos e brancos, ela era uma das vocalistas.
Ao seu lado estava a outra vocalista. Esta dava pelo nome de Bárbara. Também apresentava um estilo único: calças pretas justas, camisola às riscas brancas e pretas e o cabelo solto. Usava umas luvas aos quadrados e segurava o seu microfone.
Agarrada à sua Gibson, estava Sofia, a guitarrista. Concentrada naquilo que fazia, não olhava em frente para não ficar nervosa. Segurando cuidadosamente a palheta, entrara em palco com o top torto. Os restantes elementos da sua banda, avisaram-na. Ela compôs-se. Voltou a olhar para a guitarra. Na parte de trás da mesma, estava a assinatura que tinha ido pedir ao guitarrista dos Tokio Hotel. Felizmente, nenhuma das outras lhe perguntou como é que ela ficara com o top torto ao ir pedir um autógrafo na guitarra.
Por fim, sentada à bateria estava Felipa, uma rapariga que decidia qual das baquetas iria usar para tocar. Apresentava-se com umas calças pretas, casaco preto e camisola aos quadrados. Tinha um punho às riscas que se via quando ela precisava de chegar aos pratos mais altos.
Todas se ajeitaram para começarem a tocar. Fazendo tributo à banda que vinha posteriormente, começaram por tocar uma batida da banda, mas como uma letra sua.
A plateia saltava toda, Lúcia e Lia saltavam; as raparigas ao seu lado também. A banda começou a cantar. “Hallo, you're standing at my door...”.
Antes mesmo de chegar ao refrão, Lúcia e Lia conseguiram ouvir, pela última vez naquela noite, as raparigas do lado.
- Achas que elas já sabem Joana?
- Acho que sim Beta.

The end.


NOTA DAS AUTORAS: Há três meses atrás, umas colegas nossas, a Ana, Bárbara, Sofia e Felipa, liam FanFics que em nada honravam uma história e a língua portuguesa. Para lhes mostrar uma qualidade literária um pouco melhor, eu [Beta] e Joana decidimos escrever uma FanFic só para elas.
Como começámos a postar em vários Fóruns, a popularidade aumentou, mas o nosso objectivo manteve-se sempre: escrever para elas.
Ontem, dia 14 de Março pelas 10 de manhã, as referidas raparigas liam o capítulo acima escrito e descobriam quem eram as autoras, perante muito espanto e gritos agudos. O segredo foi guardado durante três meses.
Hoje eu peço a quem ler: se há alguém a quem gostariam de agradecer por esta FanFic existir, é a elas. Por isso, quem quiser comente o blog oficial http://tokiohotel-fanfic.blogspot.com/.
A banda NY RESORT existe mesmo e a descrição corresponde inteiramente à realidade.
As personagens Lúcia e Lia, bem como as suas casas, escolas e outros relacionados, são meramente ficção.
Até à próxima FanFic, talvez mais perto do que alguns imaginam...

Beta e Joana

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

64. AS LEMBRANÇAS

Durante uns segundos, só esteve presente o silêncio. Bill, Tom, Georg e Gustav não tinham a certeza do que fazer. Bill começou a bebericar a água que tinha à sua frente. Seria possível que as fãs se virassem contra eles? Que levassem o fanatismo longe de mais e não respeitassem as suas vidas privadas? E se sim, seria o fim dos Tokio Hotel?
As raparigas da frente começaram a falar entre si, e as da fila de trás, e sucessivamente. Algumas, que tinham estado a chorar durante o comunicado, tinham a cara manchada de rímel e eyeliner. Crescia um burburinho. Falavam baixo entre si, com as suas camaradas do lado, frente e trás, como se estivessem a resolver um problema. Por fim, o burburinho cessou, e do meio da massa de fãs uma rapariga levantou o punho e gritou:
- TOKIO HOTEL!
Todas as outras copiaram-na. Bill, Tom, Georg e Gustav sorriam. Bill fez que sim com a cabeça ao manager e seguiram-no, para a saída reservada. Disseram adeus às fãs. Tom virou-se para trás e sorriu-lhes. Saíram, e enquanto se dirigiam ao carro, ainda ouviam gritos de “Tokio... Hotel...”.
Bill estava radiante, não podia pedir mais. Gustav estava também contente, ocupado a mandar uma mensagem a Lia. Georg não tinha muito com que se preocupar, Anna não era conhecida, mas quando fosse, as fãs teriam em mente o comunicado. Tom estava na sua, sem razão para se preocupar.

Lia desligara a televisão. Lúcia saltava de contente. Não só ainda não eram conhecidas como as namoradas como agora não era necessário esconderem-se e temerem o ataque de fãs obsessivas ao virar da esquina. Estavam, finalmente, livres.

Um mês depois, Lia e Lúcia já estavam habituadas à vida de universitárias. Os primeiros tempos tinham sido difíceis, especialmente para Lúcia, que tinha sido praxada. Lia escapara, fingindo ser mais velha. Não tinham seguido o mesmo curso, mas estavam na mesma escola de artes. Já se tinham habituado a terem menos aulas, mais trabalho, e serem tratadas com menos respeito. Aqui, tinham de provar quem eram.
Encontraram-se à hora de almoço, só tinham aulas de manhã. Foram a um restaurante ali perto.
- ...e eu só te digo, Lú, que se aquele homem não fosse professor, já lhe tinha dado umas boas bofetadas. Ele não consegue perceber a quantidade de trabalho que nos dá a fazer!
- Não te queixes, que eu tenho dois trabalhos por cada cadeira para entregar.
Lia brincava com o arroz no prato, com cara de criança a fazer birra.
- Sabes o que eu te digo? Eles é que têm sorte. Não têm de passar por isto...
- A vida que eles têm, também não é nada fácil.
- Desculpa, mas o tempo que a gente passou com eles? Pareceu ser férias.
Lúcia de repente sorriu.
- Dá para acreditar que eu acabei namorada dum vocalista duma banda...
- Que nem conhecias. – concluiu Lia.
- E a cujo concerto nem queria ir...
- E acabaste por ir. – voltava ela a dizer.
- O irmão dele ficou com o meu número...
- E ele roubou-lho.
- Não paravam os dois de me mandar mensagens enquanto estavam fora...
- E quando voltaram, começaste a dar-te mais com a banda.
- A ficar mais próxima do Bill...
- E começaram a andar! – disse lia, em êxtase.
- Apaixonámo-nos...
- E depois houve o drama todo com a suposta namorada.
Lúcia olhou para baixo.
-É verdade...uma altura horrível.
Lia percebeu e não pôs mais sal na ferida.
- E isto tudo sem me dizeres nada! Aliás, até me mentiste! Eu, super mega fã, e tua melhor amiga! – disse, fingindo-se chateada.
- Pois foi... Quase que nos chateávamos à séria.
- Desculpa, eu estava chateada à séria!
- Sim, mas podíamos ter ficado inimigas para todos os sempres...
- Mas não ficámos. E, para além de estar ao teu lado quando foste praticamente perseguida por ser a rapariga do DVD, fomos as duas até à Alemanha para reconquistares o teu Bill! Lá também te tinhas de esconder, mas...
- ...ficámos juntos outra vez! – desta feita, concluindo Lúcia.
- Acompanhámos a minha banda preferida na Tour...
- E tu conheceste o teu ídolo!
- Pois. Até demais.
- E isso acabou mal.
- Já sei, brinquei com o fogo.
- Mas apareceu um grande amigo e bom rapaz com um extintor! – brincou Lúcia.
- ...extintor, Lú? Podias ter arranjado uma analogia melhor.
- Esta é boa. Já eras amiga do Gustav, e ele já gostava de ti. Depois daquilo de pensares que estavas grávida, ele finalmente confessou.
- E eu dei-lhe uma chance! Foi a melhor coisa que já fiz.
- Foi mesmo. Agora somos todos felizes, não é? Eu e o Bill...
- Eu e o Gustav... – dizia, pensativa.
- Não estamos sempre juntos, mas eles vêm cá muitas vezes para compensar. E desde que fizeram o comunicado que não é preciso escondermo-nos.
- O Georg e a Anna continuam...
- E o Tom e o seu ego também!
Riram-se as duas.
- Foi uma grande aventura, ahm, Lú?
Lúcia sorriu.
- Lá isso foi...

To be continued...

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

63. O COMUNICADO

Lúcia e Lia continuavam a olhar uma para a outra, sem saber o que fazer. Agora que pensavam nisso, tinham sido infantis ao não terem tomado precauções e de se terem exposto.
Num instante, decidiram ir ter ao hotel. Lia nem pensou duas vezes, pois decidira que nada ia arruinar o dia de anos de Gustav. Podiam arruinar amanhã, não hoje.
Determinada, puxou Lúcia e fizeram, finalmente, o caminho completo para o hotel.
Como seria de esperar, as fãs que lá estavam eram mais que muitas. Mais que nos outros dias. A entrada das traseiras, depois de denunciada como sendo o local do crime, tornara-se, para umas, um santuário, e, para outras, um local a destruir. Não havia como elas entrarem no hotel. Não podiam entrar pela porta da frente, pois iam desconfiar.
Lia procurou uma forma de entrar, disfarçadamente. Viu um carro entrar para a garagem; era a sua oportunidade. Agarrou em Lúcia e arrastou-a até lá. Entraram antes do portão se fechar. Uma vez lá dentro, era só não darem nas vistas e passarem por hóspedes.
Subiram até ao andar que queriam. Quando saíram, Lia foi para o quarto que queriam, Lúcia foi para outro.
Lia bateu e esperou que lhe abrissem a porta. Gustav abriu-lhe a porta, ficando espantado por vê-la ali.
- How did you... – ia ele a perguntar.
Lia interrompeu-o com um beijo. Empurrou-o para dentro, encostando-o à cama, o que o fez tropeçar e caírem sobre ela. Continuaram aos beijos, parando Lia durante uns segundos:
- By the way, happy birthday. Here is your present. – disse, despindo a camisola.
Voltaram aos beijos, desfrutando da prenda de aniversário.
Num quarto ao lado, estava Lúcia e Bill, Tom, Georg e Anna.
- How did you get in? – perguntou Bill.
- Long story, believe me. – disse-lhe Lúcia. – So, how are you reacting?
Todos pareciam preocupados.
- Well, the fans are going like crazy. We can’t put a foot outside without being killed.
- Yeah, I know. We couldn’t even get in through our door. What are you going to do?
- Our manager planed a press conference this afternoon. I will write something to say. Where is Lia? – perguntou Bill.
- Oh... She’s giving Gustav his present. – disse-lhe ela, piscando o olho.
Todos se riram. Ninguém pareceu incomodado, nem mesmo Tom.
Agora que Lúcia estava ali, e para o caso de nos próximos tempos não estar, o que parecia provável, Bill aproveitou para namorarem. Tom e Georg ficaram a jogar PlayStation, enquanto Anna estava na internet a falar com a família.
Passaram algumas horas. Gustav e Lia estavam deitados debaixo dos lençóis.
- Did you enjoy it?
- Yeah. – respondeu-lhe Gustav, com um sorriso.
- Well, I have got another gift. Wait.
Puxou um lençol e arrastou-se até à mala que tinha sido atirada para o chão, quando entrou. Tirou de lá um embrulho.
- Take it.
Ele abriu, entusiamado. Quando viu, deu um grito agudo de alegria. Agradeceu a Lia e prometeu usar nos concertos. Tinha adorado.
Juntaram-se ao resto das pessoas, depois de se vestirem. Ficaram juntos a falaram sobre a notícia surpresa, até que o manager ligou e elas se foram embora para eles se prepararem para a entrevista.
De volta a casa, Lúcia e Lia esperaram pacientemente que o directo começasse. Sabiam que iam estar os meios de comunicação presentes porque Bill as avisara. Lá acabou por começar.
No ecrã de televisão, Lúcia e Lia viram a banda entrar nos Armazéns do Chiado. Estava montado um grande aparato televisivo e moentes de fãs, as que cabiam, estavam também presentes. Na fila da frente, podia-se ver alguns cartazes com o DVD da estadia dos Tokio Hotel em Portugal partido e com imagens, retiradas do mesmo, em que se viam Bill agarrado a outra rapariga, aos beijos. A letras pretas estavam escritas frases HOW COULD YOU? e MY HEART IS BROKEN.
A banda sentou-se e uma porta-voz começou a ler o comunicado, previamente traduzido.
“Em nome da banda, leio e passo a citar: Estamos profundamente desiludidos com as nossas fãs. Nunca esperámos tal reacção de pessoas que sempre mostraram apoio e carinho por nós. É com muita pena que hoje redigimos este documento.
Apesar de sermos reconhecido mundialmente e de sermos famosos, somos rapazes. Rapazes que são pessoas normais e que têm direito, como qualquer um de vos aqui presente, a ter uma vida pessoal. Já em entrevistas, sempre manifestámos o desejo de encontrar alguém que nos complete.
Foi com grande pesar e tristeza que vimos as reacções das fãs à notícia publicada. O artigo revela-se verdadeiro e não foi avançado por nós anteriormente, por protecção da privacidade de cada um.
É com grande mágoa, que informamos que, se estas reacções se continuarem a verificar, abandonaremos o país e não sabemos quando voltamos.
Esperamos que aceitem e que vejam como uma fonte de felicidade para nós.
A vossa banda,
Tokio Hotel.”

A porta-voz acabou de ler, para dar lugar ao manager que lia em alemão. Também foi lido em inglês. Estava claro que era uma declaração mundial. Lúcia e Lia nunca esperaram que eles afirmassem a notícia. Ficaram encantadas.
Agora, era esperar pelas reacções.

To be continued...

62. O JORNAL

A rapariga, que a avaliar pela quantidade de fotografias no seu quarto era claramente fã dos Tokio Hotel, acordava com o despertador a tocar a sua música preferida, inquestionavelmente da sua banda. Como um ritual matinal que tinha, levantou-se e ligou o computador.
Agora que eles estavam em Portugal, ela via a sua oportunidade de os conhecer. Ainda por cima, Gustav ia passar o seu dia de anos em Portugal. Ela estava em êxtase. Na esperança de encontrar notícias da sua estadia ou até mesmo do porquê da sua vinda, não que lhe importasse eles estarem cá, antes pelo contrário, foi aos sítios habituais. Fóruns, blogs, sites oficiais. Nada. Não encontrou nada. Desligou o computador e preparou-se para ir tomar o pequeno-almoço, no preciso momento em que um novo tópico fora adicionado; ela não reparou.
Pegou na sua mala aos quadrados, claro, no casaco de cabedal, extremamente parecido ao de Bill e foi para a cozinha; tencionava passar o dia à porta do hotel, à espera de algo. A mãe e o pai já se encontravam lá e ela cumprimentou-os.
- Bom dia. Queres torradas? – perguntara-lhe a mãe.
- Pode ser. Bom dia, pai.
- Bom dia, querida.
O seu pai, um homem alto e calvo, lia o jornal diário, como todos os dias. A rapariga tirou um copo para o sumo e bebeu. Olhava distraidamente para a cozinha quando de repente de engasgou.
- P... Pai? O que é isso? – perguntou, entre soluços.
Ele, não vendo nada de especial, olhou à volta à procura de algo de estranho.
- Onde? – perguntou, depois de concluir que não havia mesmo nada de estranho.
- Na tua mão! – dizia ela, aborrecida por o pai não a estar a perceber.
Ele continuava sem perceber. Só tinha o jornal.
- É o jornal, filha. Estás bem? – perguntou a medo.
- Dá cá! – pedindo, deixando as explicações para trás.
Quando o jornal foi parar às suas mãos, ela olho-o, vidrada. A letras grandes, fazendo o título da parte cor-de-rosa estava a frase: “DESCOBRIMOS O QUE TROUXE OS TOKIO HOTEL A PORTUGAL, página 28”.
Instantaneamente, correu até à página 28. Uma foto, que ela tão bem conhecia como sendo da sua banda preferida, ilustrava o artigo.
“Custou, mas conseguimos. Descobrimos o que trouxe esta banda numa visita relâmpago ao nosso país. Respondendo aos pedidos de muitas fãs, o nosso repórter especial deslocou-se ao terreno e conseguiu a resposta à pergunta que faz muitas raparigas correrem de um lado para o outro.
Tokio Hotel, o grupo composto por quatros rapazes alemães está em Portugal ao serviço do coração. Isso mesmo. Os rapazes estão apaixonados ao ponto de virem a Portugal atrás das suas namoradas.
Ontem, por volta das 15h e enquanto muitas fãs aguardavam na parte da frente do hotel, Bill Kaulitz e Gustav Schäfer, hoje aniversariante, esperavam nas traseiras do hotel pelas suas namoradas. Estas chegaram, pouco tempo depois da notícia avançada pela televisão. Pela observação que foi feita, eles já se devem conhecer há algum tempo, pois o clima que se instalou foi de grande cumplicidade.
Desconhecem-se quaisquer namoradas da banda. Há uns meses atrás, houveram rumores de que Bill, o vocalista, tinha uma amada na sua terra natal. A notícia nunca foi confirmada, mas os rumores aumentaram depois de Bill passar por um período de grande tristeza. Também se desconhecem namoradas dos dois restantes elementos, sendo um, Tom Kaulitz conhecido por não ter namorada fixa e, o outro, Georg Listing, por ser bastante reservado om a sua vida privada.
A identidade das raparigas portuguesas que andam a roubar o coração dos rapazes mais cobiçados do mundo é desconhecida e não se sabem mais pormenores sobre este namoro. De certo que não se tardara a saber mais, até porque as fãs agora terão assunto para investigar.
Para ajudar, fica uma foto, ainda que de costas, das duas belas que conquistaram estes rapazes.”
Quando acabou de ler, analisou a foto, centímetro a centímetro. Via-se apenas duas raparigas aos beijos, claramente, a Bill e Gustav.
O coração caiu-lhe aos pés. Ignorando as torradas, pegou nas coisas e saiu, deixando o seu pai pasmado por ela lhe ter levado o jornal.
Apanhou o autocarro e, em vez de ir para a escola, foi para casa da sua melhor amiga. Encontrou-a a sair do portão.
- Espera! – gritou.
- Olá. A esta hora aqui? O que foi? – perguntou a outra, espantada.
- Lê. – Estendendo-lhe o jornal.
Ela leu. A reacção foi bastante idêntica à da amiga. De espanto, claro.
- Sabes, pode ser falso. – disse, tentando-se convencer que as palavras eram verdadeiras.
- Tem uma foto. São mesmo eles. – deitando por água abaixo as esperanças da outra.
- O que fazemos?
- Envia mensagem a toda a gente. Diz que nos encontramos dentro de uma hora no Pestana Palace.
- Elas vão achar estranho. Não digo mais nada?
- Dizes: Correio da Manhã, página 28.
Uma hora depois estavam, pelos menos, umas centenas de raparigas à porta do hotel. Todas queriam o mesmo.

Por essa hora, Lia ainda dormia e não ouviu o seu telemóvel receber uma mensagem. No dia anterior, tinham estado com eles até tarde, no hotel.
Bill e Lúcia tinham ido até ao telhado, relembrar uma coisa só deles. Gustav e Lia ficaram com o resto da banda a falarem da viagem surpresa e dos anos de Gustav.
As raparigas não dormiram lá, pois Lia tinha que ir a casa buscar a prenda do namorado e precisou da desculpa.
Acordou, meia hora depois, com a mãe a bater à porta.
- Vou trabalhar. Tens o almoço feito.
Lia levantara-se, mal percebeu que dia era. Correu até à casa-de-banho, vestiu-se e pegou na prenda de Gustav. Já ia na porta da entrada, quando se lembrou que não levava o telemóvel. Voltou a correr para trás. Agarrou o telemóvel e foi até à paragem. Correu para apanhar o autocarro. Entrou e sentou-se num bando traseiro. Preparava-se para mandar uma mensagem a Lúcia a avisar que se encontravam no hotel, quando reparou que tinha uma mensagem.
ATENÇÃO: Encontramo-nos dentro de uma hora no Pestana Palace. Leiam a página 28 do Correio da Manhã. IMPORTANTE E GRAVE!
Lia ficou preocupada. O número era duma rapariga que conheceu num fórum da banda. Olhou à volta e viu uma velhota com o jornal. Educadamente, aproximou-se e pediu para ler. A senhora emprestou-lhe o jornal.
Ela abriu na página 28. Leu. Acabou de ler. Levantou-se. Tocou para sair numa paragem nem sequer era a sua. Saiu. Procurou um quiosque. Pediu o jornal. Uma rapariga, vestida de preto e branco, pedia o mesmo. Lia não lhe prestava muita atenção, quando ela lhe falou.
- Também recebeste a mensagem, não foi?
- Ah... Sim... Claro.
Pagou e foi-se embora. Sentou-se no passeio e voltou a ler o artigo, agora com mais calma. Entrou em choque. Apanhou de novo um autocarro e foi para casa de Lúcia.
Andando sem ouvir nada nem ninguém, entrou no quarto da amiga.
- Lú, acorda. Lú! – gritou.
Lúcia acordara estremunhada.
- Que foi? Estás parva? Que horas são?
Antes de ela ter tempo de alcançar o relógio, enfiou-lhe o jornal debaixo do nariz. Lúcia foi obrigada a ler.
Quando acabou, ficou igualmente em choque. Olhavam uma para a outra quando os telemóveis das duas tocaram. As mensagens eram de Gustav e Bill e diziam a mesma coisa.
They found us.

To be continued...

domingo, 7 de setembro de 2008

61. O REENCONTRO

Passaram alguns dias e tanto Lúcia quanto Lia, já se tinham ido inscrever no curso que planeavam seguir. Ambas tencionavam seguir artes. Talvez noutra altura, com mais cabeça, pensassem melhor, mas agora, tudo o que precisavam era inscreverem-se e estarem juntas.
Lia andava em paranóia. Não estava com os pés na Terra porque Gustav fazia anos no dia a seguir. Ela já tinha pensado em como lhe mandar a prenda. Não sabia como o fazer. Nunca que iria chegar a tempo. A prenda, essa, já a tinha escolhido. Eram umas baquetas personalizadas. Uma dizia Gustav e a outra Lia. Ela mandara escrever isso no sítio onde ele as segurava para que ninguém reparasse.
Já Lúcia, continuava aluada. Recebia todos os dias flores de Bill. A sua mãe já estava habituada e, cada vez que as flores chegavam, corria para lhas entregar, só para ver a cara de felicidade de Lúcia durante cinco segundos. Lúcia já contara a mãe porque andava triste; a mãe tentou de tudo para a animar. Nada adiantava.
As amigas passavam o tempo que tinham juntas, em casa uma da outra. Naquele dia, Lia estava em casa de Lúcia. Estavam as duas na cama, a reverem, vezes sem conta e em silêncio, as fotos das férias. Riam-se, de vez em quando, de algumas parvoíces fotografadas. Estavam a ver uma foto que Gustav tirara a Georg quando ele andava sempre agarrado ao computador, quando a mãe de Lúcia entrou de rompante pela porta.
- Rápido... Liguem... Eles.... Cá. Rápido! Liguem a televisão!
Lúcia e Lia não perceberam mas assim o fizeram. Ao ligarem no canal errado, a mãe de Lúcia arrancou-lhes o comando da mão, muito ofendida e colocou no canal certo.
Demorou milésimas de segundo até que Lúcia e Lia se apercebessem. À sua frente, dentro daquela caixa com televisor o repórter anunciava.
“...esta visita relâmpago está a deixar as fãs em histeria. Massas de raparigas estão a dirigir-se para aqui, para o Hotel Pestana Palace, em Lisboa, para estarem com a banda. Os Tokio hotel são um fenómeno que recentemente acabou a Tour e que levam milhares de pessoas a segui-los. Não se sabe ao certo o que os trouxe a Portugal. Lembrem-se que a última vez que visitaram o nosso país foi quando fizeram uma paragem devido a uma complicação técnica. Esta visita não estava agendada e desconhecem-se os motivos, por agora.”
Ainda menos milésimas de segundo demoraram até que saltassem da cama e fossem para a paragem. Aos domingos não haviam muitos autocarros, por isso decidiram ir de metro. Correram até perderem o fôlego. Em tempos a massa de fãs que Lia integrara, foi esquecida e Lúcia puxou Lia para as traseiras que tão bem conhecia. Quando cruzou, Bill e um Gustav impaciente, estava à espera. Elas pararam. Bill virou-se para Gustav:
- Didn’t I tell you that they would come? – disse ele, propositadamente alto para elas ouvirem.
Elas, que estavam paradas, correram, desalmadamente, para eles. Sem dar tempo para respirarem, beijaram-nos. Quando se largaram, horas ou dias mais tarde, Bill falou, novamente:
- I told you I would be with you soon.
Lúcia bateu-lhe. Ele reclamou.
- Hey!
- You can’t do something like this to me. I can have an heart attack.
Ele riu-se. Ao lado, Gustav e Lia também. Ficaram ali, os quatro, nas nuvens, antes de Tom os chamar para subir porque o caminho estava livre.
Lúcia e Lia esqueceram-se de uma coisa: é que a reportagem que viram em casa era em directo e que o repórter havia dito que os motivos da vinda da banda eram desconhecidos, até agora.
O problema é que o agora, já era passado.

To be continued...

terça-feira, 2 de setembro de 2008

60. AS ROSAS

Os últimos momentos antes de embarcarem tanto podiam ter sido anos como segundos. A expressão nas caras de Bill e Gustav era a suficiente para as fazer ficar... Mas não tinham escolha. Tinham de embarcar, agora ou nunca.
Bill ficou no chão, imóvel. Depois das duas desaparecerem, foi tomado por uma espécie de soluços. Tom estava ao lado do irmão. Não fez nada, pois sabia que por agora, não era de abraços ou palavras. Gustav não se manifestava, mas era óbvio que também não estava bem; olhava para o longe.
O voo demorara três horas. As amigas não falaram durante a viagem, excepto quando necessário passarem uma coisa para a outra. Cada uma estava imersa nos seus próprios pensamentos e não tinha nada a dizer à outra.
Ao chegarem a Lisboa, Lia virou-se para Lúcia e disse, com um sorriso amargo:
- Bem-vinda a casa, Lú...
Lúcia devolveu-lhe o sorriso. Passaram pelas malas e alfândega. Os pais de Lúcia esperavam-nas. Lúcia pôs a sua melhor cara para abraçar a mãe. As palavras de conforto e meiguice fizeram-na sentir-se em casa novamente.
Os lugares, os cheiros, as cores... Tudo parte dum mundo tão longínquo, tão normal e mundano...
Deixaram Lia em sua casa. Lia tinha o mesmo aspecto que Lúcia, contente por fora, mas perdida nos seus pensamentos.
Lúcia chegou a casa e desculpou-se para ir desfazer as malas, procurando fazer algo para se distrair. Pouco tempo depois chegou Lia.
- Desculpa não ter avisado... Mas não consigo ficar sozinha.
Ajudou Lúcia a desfazer as malas.
- Vamos ter de nos inscrever para a faculdade. – disse Lia.
- Pois.
As malas desfeitas, ficaram a olhar uma para a outra.
- Temos de fazer qualquer coisa. Tenho de me distrair. Não posso pensar que estou aqui e ele lá.– voltou a falar Lia.
- Tens razão. A vida continua! E nós temos a nossa vida aqui. Vá, vamos fazer qualquer coisa.
Lúcia olhou lá para fora, tentando lembrar-se de algo. Sorriu.
- Já sei.
Pegou em Lia e levou-a lá para fora. Foram para o parque infantil. Lia, no início relutante, acabou por ficar o resto do dia nos baloiços, recebendo alguns olhares de morte das mães mais protectoras. Lúcia subia e descia os escorregas sucessivamente.
Quando escureceu e as mães levaram as crianças, ficaram as duas a baloiçar-se lentamente nos baloiços, os pés a arrastarem na terra.
- É difícil, não é Lia? Tivemos os melhores tempos da nossa vida lá com eles.
Lia fez que sim com a cabeça.
- Mas agora estamos cá. Temos a nossa vida para viver aqui. E vamos vê-los outra vez, eventualmente. – Lúcia sorriu e encarou Lia.
- Não podemos é deitarmo-nos ir abaixo.
Lia sorriu de volta para a amiga.
- Vai ser diferente... Mas temo-nos uma à outra.
Agarraram na mão uma da outra enquanto baloiçavam. Decidiram ir para casa e Lia jantava em casa de Lúcia.
Assim que a chave tocou na fechadura, a mãe de Lúcia veio de dentro da casa, excitada.
- Filha, recebeste uma coisa! Vem ver, são umas flores!
Lúcia não entendia, mas dirigiu-se à cozinha. Numa jarra de vidro que dera à mãe num aniversário, estava um imenso bouquet de rosas vermelhas.
Lia disse, excitada como a mãe de Lúcia:
- É do Bill, de certeza! Vê o cartão!
Lúcia estava para além de contente.
Abriu o pequeno envelope agrafado ao plástico do ramo e tirou um simples papel bege. Tinha escrito:
I'll be with you soon
Just me and you
We'll be there soon
So soon

To be continued…

59. A DESPEDIDA

Lúcia estava sentada no sofá a pensar. Não queria ir fazer as malas. Ainda era tudo muito recente. Fazia poucas horas que tinham chegado da festa. Fazia ainda menos horas que tinha contado a Bill.
Lembrava-se das lágrimas a caírem pela sua face, as palavras que tão dificilmente saíram da sua boca, o choque... Logo que Lúcia recebera o telefonema, voltara para o salão e dera de caras com Bill. Não tentou esconder. Logo que Bill a olhou nos olhos, Lúcia deixara cair uma lágrima. Bill percebera que algo se passava. Correra disparado até Lúcia, empurrando quem estava no caminho. Quando chegou junto, abraçou-a. Ela deixou-se cair nos seus braços. Permaneceram ali os dois, no chão, tempo infinito. As pessoas começaram a sair uma a uma. Todos se foram embora. Apenas a banda, Anna, Lia e a família dos gémeos ficou. Estavam todos em volta dos dois que ali ficaram.
Lúcia não se lembrava como tinham ido para o TourBus ou de quem os tinha levado. Lembrava-se sim de dizer a Bill. Lembrava-se de cada momento que lhe rasgava o coração.
Também Lia havia dito a Gustav. A reacção deste não fora diferente. Os olhos de Gustav também haviam ficado vermelhos, tais qual os de Lia.
Não havia sido fácil para ninguém. Não estava a ser fácil para ninguém.
Lúcia estava agora sentada no sofá. Bill tinha ido falar com o manager para ele arranjar dois bilhetes de ida para Portugal à última hora.
Tinha que ir logo porque o tempo escasseava. Tinha de organizar as notas e a sua candidatura. O último dia de entregas parecia cada vez mais perto.
Bill apareceu, minutos depois.
- He’s taking care of it. Take it easy.
- Bill I... – começou Lúcia.
- Shh. Don’t say it. – disse Bill, abraçando-a.
Lia entrava, com umas olheiras de caírem aos pés.
- Vamos?
- O quê? – perguntou-lhe Lúcia.
- Fazer as malas.
Lúcia tinha-se esquecido disso. Como ia ela pôr todos os sentimentos, todas as emoções, os beijos, as lembranças, os carinhos dentro de uma mala? Onde caberia tudo isso?
Melancolicamente, levantou-se e foi fazer a sua mala. Bill ficou a vê-la, impotente. Gustav ajudava Lia. Tom, Georg e Anna, estavam sentados na zona de estar, também eles tristes.
Lúcia pegava em cada peça de roupa e derramava-lhe lágrimas por cima. Como estava de costas, Bill não via; mas sentia.
Gustav parecia estar a cair num vazio que não acabava. Sentia o chão a fugir-lhe dos pés. Demorara tanto tempo a declarar-se, a conseguir a sua oportunidade, e agora, ela ia-se embora.
As malas que podiam ter sido feitas em meia hora, em caso de alegria, demoraram duas horas, agora em caso de tristeza profunda. Lúcia e Lia sentiam o sonho a fugir-lhes, a alegria a esvair-se.
O manager enviou um carro e os bilhetes de avião. Todos entraram na carrinha. A viagem para o aeroporto de Berlim demorava hora e meia, uma vez que eles estavam em Magdeburg. O silêncio com que a viagem foi feita, era de corta à faca.
Acabaram por chegar ao aeroporto. Conseguiram entrar pelas traseiras para não serem reconhecidos. Fãs a pularem para cima deles, era o que eles menos queriam, naquele momento. A bagagem já havia sido despachada e só restavam elas embarcarem. Ainda falta tempo, mas pouco para eles todos.
Bill aproximou-se de Lúcia. No entanto, foi ela quem falou primeiro:
- I guess this is the end.
- Don’t say that. – pediu-lh Bill.
- Bill, I’m leaving. – respondeu Lúcia, entre lágrimas.
- We can send messages, e-mails. I will call you every days. – afirmou ele.
- Do you really think that we are going to make it? I don’t know. – disse Lúcia.
- At least we can try.
Beijou-a, sentindo as lágrimas dela na sua face. Do outro lado, também Gustav e Lia tinham uma conversa difícil.
- Lia, I want to say you that despite the fact that we only had a few days together, I... love you. – disse baixinho.
Lia levantou a cabeça.
- Gustav that’s... – começou ela.
- And I know that you probably don’t fell the same, but I had to say it. – concluiu Gustav.
- I love you too. – disse-llhe Lia.
Ele ficou estático.
- What?
- I started to see you in a different way. If this whole feeling that is inside of me isn’t love, I don’t know what it is. I will really miss you.
Gustav e Lia abraçaram-se.
Georg, Anna e Tom continham-se para não derramarem lágrimas. Quando todos se abraçaram em conjunto, já ninguém conseguia aguentar-se. Era o fim daquele grupo de sete pessoas. Ali permaneceram, todos abraçados.
Por o voo ser para Portugal, a operadora chamou em português.
Primeira chamada para o voo 915 para Portugal. Porta 9.

To be continued...

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

58. O TELEFONEMA

Lúcia e Bill regressaram pouco depois à sala. Estavam todos dentro de casa pois algumas fãs estavam do lado de fora da casa, na ânsia de verem os seus ídolos.
Estavam a ver alguns vídeos que Gustav havia feito de Bill e Tom durante a Tour. Quando Bill e Lúcia se sentaram no sofá junto dos outros, ninguém lhes deu importância. Tom, porém, já sabia. Quando Bill entrou, ele percebera logo. Não disse nada, afinal eram gémeos, nascidos há 19 anos.
A tarde que passaram foi de brincadeira para todos. Apenas à noite iam para um clube comemorar os anos dos gémeos. Bill e Tom já tinham tratado da sua festa.
Para assegurar que ninguém que eles não quisessem que entrasse visse as raparigas, contrataram seguranças e enviaram convites aos convidados.
A noite caiu e eles deslocaram-se para a festa. Tom conduziu. Quando chegaram, o espanto foi geral. O salão havia sido decorado de preto e branco; tudo era em preto e branco. As cadeiras alternavam pretas com brancas, os empregados andavam de preto e branco; até as gomas que estavam em cima das mesas eram pretas e brancas. Quando eles chegaram, já havia alguns convidados à espera. Cumprimentaram toda a gente. A mesa principal, a maior de todas, estava em cima de um pequeno palco. Nela sentou-se a banda, respectivas namoradas e família.
A festa decorreu lindamente; a banda até fez um concerto improvisado para os presentes. Chegara a hora de dançar. Todos correram para os seus pares.
- Shall we dance? – perguntou Bill.
- Sure. – respondeu-lhe Lúcia.
Também Georg convidou Anna.
- Sollen wir tanzen? (Vamos dançar?)
- Ja. (Sim) – disse-lhe ela.
Timidamente, Gustav aproximou-se de Lia.
- I was about to ask you if you... – começou ele.
Ela apercebendo-se, reagiu:
- Yeah, yeah. Let’s go dance.
Tom, não se preocupando em não ter par, pegou na mãe e foi dançar. Todos estavam felizes. Dançaram músicas actuais e outras dos anos 80. Tom, Gustav e Georg gozavam com Bill por ele não saber dançar. Bill amuava e Lúcia tinha de mandar calar os restantes.
Dançando agarrados, Bill e Lúcia falavam entre si.
- I made you something. – disse-lhe Lúcia.
- What is it? – perguntou Bill.
- It’s a bracelet. I don’t know if you’ll like it.
- Oh you didn’t need to.
- I wanted to. Take it. – disse Lúcia, entendo-lhe uma pulseira.
Bill pegou-lhe. Era de cabedal, igual à que ele lhe havia dado uma vez. Com uma caveira e um coração em lados opostos.
- How did you... – ia ele a perguntar espantado.
- I asked Jutta to buy me the materials and then I made a copy.
Lúcia levantou a manga do casaco e mostrou a Bill a dela. Bill colocou a dele, da mesma forma que a de Lúcia. Em seguida, agarrou-a pela cintura, inclinou-a para trás e beijou-a, com um beijo digno de Hollywood. Quem estava presente parou tudo e aplaudiu.
Quando regressaram à Terra, tanto Bill quanto Lúcia estavam vermelhos.
- Bill! They’re watching.
- I don’t care. – respondeu-lhe ele.
- I’ll take a glass of water. – disse-lhe, sorrindo.
Lúcia encaminhou-se para a mesa. Sentou-se e bebeu água. Dali de cima, via todos a dançarem. Agora, Bill dançava com a mãe. Viu Tom demasiado perto de uma empregada. Georg e Anna, Gustav e Lia dançavam.
Preparava-se para se levantar, quando o seu telemóvel tocou. Apesar do barulho, atendeu:
- Sim?
“Lúcia, é a mãe... Est... a ouvir?”
Ela tinha dificuldade a ouvi-la, por isso saiu do salão. Lá fora, estava mais frio e menos barulho.
- Sim, estou?
“Lúcia, é a mãe. Agora já te ouço melhor. Está tudo bem?”
- Sim, hoje é a festa.
“Eu sei, por isso é que te liguei, porque sabia que estavas acordada.”
- Que se passa? – perguntou preocupada.
“Chegou hoje a carta da escola. As inscrições para o próximo ano lectivo já abriram. Tens de regressar rápido ou perdes o ano. Tens até sexta para te inscreveres.”

To be continued...

57. O MOMENTO

Bill olhava-a, exasperadamente.
- What? – perguntou ele, à desconfiança.
- I’m your present. – confirmou ela.
Ele teve a sua confirmação.
- You? How am I supposed to use you– perguntou, confuso.
Lúcia arregalou-lhe os olhos.
- Bill, I mean... that. – disse, timidamente.
Ele não percebeu.
- That? Oh! That. – disse, por fim, percebendo. – But, Lutssia, are you sure?
- Yeah. We’be been trying and I want my first time to be with you. – disse ela.
Bill ficou atrapalhado.
- Have you just said first time?
Ela, mexeu-xse, constrangida.
- Yeah... I’ve never been with a boy.
- And you want it to be with me? – perguntou ele, comovido.
- Yeah...
- But, you know... I don’t know if you know... I’m... I mean... I’m not a... – começou atrapalhado.
- Virgin? Yeah, I know. And I still want it.
Bill aproximou-se dela, devagarinho. Lúcia estava nervosa. Sentia o seu coração a pulsar o sangue, fortemente.
Bill estava, igualmente, nervoso; ou até mais. Aquele gesto que Lúcia fizera, entregar-se a ele... Deixara-o comovido.
Ele afastou a madeixa de cabelo que cobria a face de Lúcia. Ela sentiu a pele dele tocar na sua. Arrepiou-se.
Bill diminuiu as luzes, fechou as cortinas, pôs música ambiente. Ele sentou-se na cama. Ela estava em frente a ele. Sem dizerem nada, apenas compreendendo-se um ao outro, Lúcia puxou, lentamente, a t-shirt de Bill. Este levantou-se. Beijou-a. Ela passou as mãos pelas costas dele. Desta feita, foi a vez dele se arrepiar. Sentiram-se um ao outro. Com cuidado, Bill desapertou a blusa de Lúcia. Olharam um para o outro. Sentiram que este era o momento e que nada, nem ninguém, os podia fazer sair dali.
Bill virou-se, inclinado Lúcia sobre a cama. Ela sentiu o seu peito tocar no dele. Sentiu o cabelo de Bill cair sobre o seu. Despiram-se, entre beijos. Sentiram o calor dos seus corpos a aquecer um ao outro. Lúcia estava nervosa; Bill ainda mais.
Avançavam com cuidado, tornando cada momento mais especial que o último. Bill passava as mãos pelo pescoço de Lúcia. Ela agarrava com força as suas costas. Sentiam-se, mutuamente, juntos.
Agora, eram um do outro. Não havia mais ninguém.
Quando pararam, ambos estavam vermelhos e com o coração aos saltos. Enrolada nos lençóis da cama desfeita, Lúcia pousava a sua cabeça no peito de Bill.
Sentia o seu coração. Ele abraçou-a. Ficaram ali, não souberam quanto tempo.
Lúcia perguntou, timidamente.
- Better than 10 Cadillacs?
- Better than 100 Cadillacs. – assegurou Bill.

To be continued…

56. O ANIVERSÁRIO

Os dias passaram, e entretanto, estavam no primeiro de Setembro. Não tinham concertos, nem no dia, nem no dia seguinte, e o plano era voltarem a Madgeburg, para a casa dos gémeos, celebrar o aniversário.
Naquele momento em que Lia lhe perguntara, Lúcia havia sido invadida por uma inspiração divina. Sabia agora exactamente o que oferecer a Bill, e já tinha pensado em tudo. Pode finalmente relaxar.
Quanto a Tom, ela e Lia decidiram dar uma prenda conjunta, não fosse Tom ficar com ideias. Desde que toda esta saga começara que Lúcia tivera muitas ocasiões para se preocupar com Lia, mas desta vez não. Não havia qualquer drama ou conflito. Lia gostara de Tom; o sentimento não era mútuo, Lia recuperou; Gustav confessou que gostava dela, ela decidiu tentar, e agora andava com Gustav. Fora uma boa decisão: já eram amigos e davam-se muito bem. A própria Lia, ao falar com Lúcia, mostrava-se um pouco surpresa com isso. Lia e Gustav não tinham problema em mostrar aos restantes que estavam juntos, e ao saber, todos lhes deram os parabéns.
Georg e Anna continuavam juntos, e tudo estava bem. Anna começara a aprender inglês pela Internet, e isto, juntamente com algumas expressões e palavras em português que aprendeu eventualmente, tornou a comunicação entre as raparigas muito mais fácil. Anna estava sempre com elas nas funções de staff, e quando os rapazes estavam em palco, comentava o concerto e dançava com Lia e Lúcia.
Tom era o único que não tinha par mas, naturalmente, não havia problema, não era isso que ele queria.
Assim, a vida do grupo começava a ter a sua própria dinâmica e rotinas, quase como uma vida familiar muito feliz.
No primeiro de Setembro, Lúcia esforçou-se para acordar o mais cedo possível. Foi para a zona de estar, onde ela, Lia, Anna, Georg e Gustav penduraram balões por todo o lado e aproveitaram os cartazes, postais, ursinhos de peluche, doces, gomas, e outras prendas que as fãs haviam mandado para os gémeos, para decorar a zona, ficando esta quase sem mobília ou chão visível.
Esperaram por Bill, para lhe dizerem que ou acordava Tom agora, ou esperava que acordasse, mas tinham de entrar os dois na sala. Curioso para ver o que estavam a preparar, Bill preferiu acordar o irmão. Agarrou-o pelos ombros, abanou-o e disse:
- Nur ein mehr für der uns zu sein zwei Jahrzehnte alt! (Só mais um para termos duas décadas!)
- Verlassen Sie mich! (Deixa-me!)
Acabaram por agarrar-se um ao outro, como crianças, até Bill explicar que tinham de ir para a sala. Tom lá se arrastou da cama e seguiu Bill até à zona de estar, ainda em boxers.
- Alles Gute zum Geburtstag! (Feliz Aniversário!)
- Happy Birthday!
- Parabéns!
Georg, Anna, Gustav, Bill e Tom olharam estranhamente para Lia. Lúcia fora, obviamente, a única a perceber o português.
Foram todos abraçar os gémeos, Lúcia beijou Bill. Os rapazes estavam contentes e Tom começou à procura das prendas das fãs para ele, no chão. Acabaram todos por se sentar, comentar as prendas das fãs, e comer as gomas como pequeno-almoço. Estavam a caminho de Magdeburg, e estavam lá pelo meio da tarde, se bem que ainda não tinham almoçado, pois contavam almoçar na casa dos gémeos.
Chegaram ao hotel e o manager tinha lugado um carro para chegarem a casa, com Tom a conduzir.
Chegaram, cumprimentaram a mãe e o padrasto, fizeram as coisas da praxe, e as raparigas foram buscar à bagageira do carro o bolo que traziam já desde Nuremberg, numa geleira. Tinha a forma do símbolo dos Tokio Hotel.
Almoçaram uma coisa rápida que a mãe preparara, frango com batatas, cantaram todos os parabéns, tiraram fotografias, Lia e Lúcia foram dar a Tom a sua prenda que eram duas t-shirts, ambas grandes e largas como as que ele usava: uma preta com a frase em branco ASK ME ABOUT THE FREE SEX VOUCHER, e outra em azul com a frase em preto BODY OF A GOD.
Finalmente, enquanto todos comiam bolo e viam vídeos dos gémeos em bebés, Lúcia viu que estava tudo pronto para ela dar a sua prenda a Bill.
- Bill?
- Yeah?
-Come with me. – pediu ela.
Agarrou-o pelo braço e arrastou-o, até ao seu quarto. Fechou a porta, trancou-a por dentro, virou-se e olhou para ele. Ele olhou-a estranhamente.
- What’s up?
- Nothing, I just wanted to give you my present. It’s… - começou Lúcia.
Bill encolheu os ombros.
- You know, you didn’t need to.
- Whatever, I wanted to. And I’m giving you... – tentou novamente ela.
- Seriously, you’re my girlfriend, if anyone is entitled to not giving me anything on my birthday…
- Bill, come on, let me tell you! – insitia Lúcia.
- …it’s either you or my mom. But my mom’s the only person who can give me a car or something big like that. I mean, sure, Tom could afford it, but it’s different when your mom… - discursava Bill.
- Bill…can I say it NOW? Come on! Don’t you wanna know what my present is? It’s… - ia ela a dizer.
- ...gives you a car, right? But anyway, you didn’t need to give me anything, you’re more than enough!
- Damn it, Bill, do you want the present or not? – pergutnava, desesperada.
- Sure, but I was just saying you didn’t need to. Oh god, don’t tell me it’s a car. My mom would kill you.
Tinham estado a falar ao mesmo tempo, mas agora, Lúcia tinha dúvidas. Será que ele preferia um carro à sua prenda?
- Why, did you want a car that badly? – perguntou Lúcia.
- Well, not really, I mean, I can’t even drive while on Tour, but it’s cool to have a car… - dizia ele, pensativo.
- Oh. Ok. So, do you want to hear what my present is?
- …come to think of it, I should have asked for a car. I’m nineteen now, why don’t I have a car? I bet… - continuava Bill.
- Bill! Listen here! My present is… - começou ela.
- …most people think I have like 10 Cadillac’s or something, like I’m that rich.
- …me! – concluiu, finalmente, Lúcia.
Bill parou, finalmente, de falar.
- What? – disse, espatando.
Lúcia fez cara de chateada por não ter ouvido.
- My birthday gift is me.

To be continued…